O que é "normal"? O que é "média"?
Por que os pré conceitos ou preconceitos?
Nomenclaturas existem com o objetivo de facilitar a comunicação entre os seres. Aqui não só os humanos, mas o reino animal como um todo. O cachorro comunica-se com a cadela numa linguagem peculiar à raça e somente pelos caninos entendida. Já os homens usam da palavra verbalizada ou escrita e gestos. Importante nesse contexto é diferenciar as palavras que podem conflitar para que no uso linguagem social humana também não haja controvérsias.
Palavras como normal e média tem esse aspecto diversificado.
A média conceituada por Aurélio no seu dicionário é meio ou espaço intermediário ou valor que se determina segundo uma regra estabelecida a priori e que utiliza para representar todos os valores da distribuição. Assim
dentro da odontologia existem médias estipuladas. Pesquisas científicas que estudaram um determinado número de crianças e nessas enumerou-se as médias de erupção dentais. Os primeiros molares permanentes por meio desses levantamentos sugerem uma erupção aos 63 meses de vida. Outro exemplo seria o da inflação num determinado período em porcentagem. Outros dados como a idade média máxima do brasileiro. Tudo isso são médias.
O termo normal além de significados outros relacionados à química, geometria ou magistério é segundo o mesmo autor o que é habitual ou natural. Assim tem-se que o habitual na nossa civilização pode não sê-lo em outra. Aqui se come carne de boi, mas na Índia esse natural é errado. Aqui uma mulher pode usar roupas justas e decotes, mas nos povos mulçumanos é uma aberração. Outros povos são poligâmicos. O nosso aceita somente o casamento de um com uma só pessoa. Aqui a maioria é branca e minoria negra, já na África ocorre o contrário. A sociedade também tem bem conceituado esse termo, o normal ser o habitual, mas varia conforme o povo que o define e às vezes até mesmo com o momento histórico em que se vive. Era natural usarmos de negros africanos para o trabalho escravo, porém o natural passou a ser repudiado pela sociedade e crime na atualidade. O governo alemão usou de homicídios em massa contra judeus devidamente justificadas à época e aceitas por aquela sociedade, porém hoje somente o culto ao nazismo é absurdo. Imagine agir da mesma forma que aqueles assassinos.
Para a média inexistem leis, porém para o normal ela age. A lei não punirá um adulto que tenha o seu dente siso erupcinando aos 17 anos quando ele deveria fazê-lo na média de 21 anos de idade, porém ela incriminará esse mesmo adulto caso ele seja assassino, pois este não é ou não deveria ser habitual em nossa sociedade. A arrasadora maioria social não é assassina. Inexiste uma média de criminosos, pois isto não é profissão e muito menos está impresso no documento de identidade. Se assim o fosse seria possível estimar-se a média de criminosos per capita dentro da população brasileira.
Importante até aqui foi diferenciar os termos dentro do português brasileiro. Passemos à diferenciação social dos mesmos e que causa tantos conflitos de entendimento.
A média de idade em que uma criança tem a erupção do primeiro molar, como foi relatado, é aos 63 meses. Porém, poderia ser ele classificado como anormal ter esse elemento dental presente aos 9 anos de idade? É média que uma criança de 6 anos seja capaz de reconhecer as letras do nosso alfabeto, as cores e os números. Seria taxada como anormal essa mesma criança se ela conseguisse atingir esses objetivos um ano mais tarde ou estaria ela simplesmente fora da média?Em odontologia, dentro da média, todas as pessoas possuem um ou mais dentes cariados, restaurados ou perdidos devido a cárie. Uma criança que não tenha ou teve essa doença seria taxada de anormal por a média indicar que todos têm ou já tiveram histórico dessa doença?A média histórica de desemprego e inflação no país é alta. Seria, sim, anormal, embora seria muito bem recebido, a realidade brasileira mostrando queda nesses índices.
Desta forma, observa-se que para a média existem critérios objetivos fundamentados em pesquisas científicas ou técnicas, porém para o que normal ou, segundo Aurélio, habitual existem paradigmas ou anseios sociais. Para o normal existem referências sociais. Se toda a sociedade tivesse o habitual em andar descalços seria anormal para ela usar os pés calçados. Se todos nós não tivéssemos a visão não existiria a palavra cego. Se todo o povo tivesse o habitual em menosprezar o dinheiro, incorreto e anormal seria quem o valorizasse. Talvez ele nem existisse.
Certo é que de fora da média científica ou, às vezes, do normal todos temos um pouco. Alguns exageradamente preocupados com as metas do cotidiano e outros completamente livres, avessos a qualquer tempo cronológico. Uns depressivos outros tentando fazer seu auto-exame de sanidade mental por suspeitar dela. Cidadãos buscando incessantemente a perfeição, embora ela não exista senão o Deus. Alguns tentam esconder-se por detrás Dele para ocultar as limitações e infelicidades. O adultério tanto para o homem quanto para o sexo feminino é anormal porque ele não é habitual, porém o masculino é aceito pela sociedade. Procura-se o ter patrimônio e riquezas de forma a inexistir limites nem mesmo de respeito a outrem. Cometem crimes não puníveis como palavras assassinas, menosprezo oculto, difamação às escuras e julgamentos competentes somente a Deus. Não estão dispostas no código penal. Não são anormais todos esses? Quantos na média são infelizes na vida por diversos motivos embora sejam habituais e estarem dentro da média? Se a altura média do brasileiro é 1,65 m. não seria infeliz um cidadão que tivesse 1,60 m. Se a média de idade com que um homem casa-se é aos 24 anos não seria ele infeliz caso o matrimônio ocorresse aos 21 ou aos 30 anos, salvo outras questões envolvidas. Um celibatário é infeliz por não casar-se? Não. Se a média de leitura fluente em crianças é aos 8 anos, felizes ficariam os pais se o seu filho começasse a ler indiferentemente à idade, embora geraria comentários maldosos por não ser habitual. Mas, esse anormal poderia competir a vida em pé de igualdade mais tarde com os outros que iniciaram na média. Assim foi Sócrates, Galileu, Einstein e outros tantos que marcaram a história da humanidade. Não que necessite tanto, mas o fato da existência dos filhos e o amor recíproco com os pais é algo que somente Deus consegue explicar e somente Ele deve ser usado como referência social.
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