Infâncias roubadas

Falar sobre infâncias roubadas quase sempre nos leva a refletir sobre as crianças que partem para a prostituição, não é verdade? A mídia tem tratado muito o tema nos últimos anos e nos feito ver desta forma, porém aqui quero escrever sobre nossos filhos. Esses que estão dentro das nossas casas e que parece estarem tendo também a infância roubada não como descrevi acima, mas não podendo serem crianças a brincar de boneca, de carrinhos, de "hominhos", de pique, de casinha e, pior, não pode nem sequer pensar como pequenos e terem a ação como seres "grandes". Força social.
Quando chega o natal o que esperava é que realmente nos lembrássemos
de Cristo. A verdadeira razão da festa. Porém, como sempre ou pelo menos desde que "entendo de gente" somos levados a consumir. E como se consome, né? Neste aspecto somos levados a pensar o que seria de nós, pais, se não entregássemos presentes aos filhos no Natal de Cristo. Você já brincou com teu filho que neste ano não terá ele presentes? Eu já e neste ano. Vou te dizer que ficaram azedos com a notícia. Mas, "trunfaram a cara mesmo". Infelizmente tem que se dar o presente. Força do capitalismo fantasiado de bom velhinho.
Mas, vamos lá.
Quando se tem filhos com uma diferença de idade onde um é criança e o outro é um pouquinho mais criança vejo o desejo daquele que fala ser pré-adolescente. O menor recebe brinquedos e fica todo feliz. Irradia alegria e realização. O outro um pouco maior não quer rodinhas ou controles-remotos. "Não, de jeito nenhum. Quero é roupa ou perfume ou acessórios do vestuário e de preferência de 'marca'".
Mas, quando o pequenino recebe seus brinquedinhos e a felicidade de poder ligar tudo e brincar aqui e ali em casa ou na casa dos avós o "maior" fecha o semblante com sua linha de acessórios, vestuário e "marcas" e, escondido, pega os presentes do outro - que segundo ele não queria - e vai brincar escondido de tudo e de todos com os artigos que não queria por ser "grande".
Fico a pensar o motivo do comportamento do mais velho!
Que besteira não ser criança enquanto se pode ser, né? Fico até pensando que talvez fosse melhor a gente nascer grande no sentido de ajuizamento e morrer à medida em que diminuimos a idade e as responsabilidades.
É. Seria interessante. Por enquanto somos um pouco mais velhos e vemos que deveríamos ter feito isso ou aquilo. Deveríamos ter sido mais crianças enquanto podíamos e não fizemos assim.
Agora vejo minha filha mais velha crendo ser já uma moça e não curtir os seus 13 anos por parecer que a sociedade não permite ou ridiculariza se assim fizer. Parece que os desejos de criança estão ali dentro doidos para serem colocados em prática, mas algo não permite. Uma prisão invisível que não deixa nossos filhos serem o que querem. Simples crianças com teus temores, vontades, irresponsabilidades e inconsequências. Frutos infantis que são muito importantes na formação do adulto, mas que não podem existir por força do "pagar mico". Quão triste é ver isto. A preocupação com a imagem sucumbe o desejo real de ser só criança. Não se pode brincar na rua, pois o "colega de sala vai ver e contar pra todo mundo da escola, né? Tô perdida."
A televisão tem muito contribuído com este infeliz panorama. O amadurecimento precoce em nossas crianças encontra alimento junto a ela. A banalização do sexo principalmente do pré-marital, das drogas, do divórcio e tantos outros temas são alicerces da audiência e da docência em polegadas.
Que preocupação boba. Aí que acho que deveríamos nascer grandes e morrermos pequenos em idade. O quanto nós adultos não brincaríamos de tudo muito mais do que brincamos! Difícil são os pequenos entenderem o que queremos dizer, né? Acreditam muito mais naqueles que vivem com eles a 2 ou 3 anos do que em nós, pais, que estamos com eles desde a concepção e ficaremos até que a morte nos separe.
Mas, como seria bom se acreditassem em nós e nas experiências vividas. O mundo deles seria melhor. O deles e de todos que estão por aqui.

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