Chega de meio-ambiente!

Este texto foi publicado no Jornal da Paróquia de São Lourenço - Edição de Julho/2009
Há muito tempo escutamos regras e limitações diariamente quanto ao meio-ambiente. Parece, às vezes, que já estamos cansados de sermos cobrados por atitudes que o preservem, que o conservem. Basta de pedidos, campanhas, de limitar atitudes ou pelo menos tentar. Chega de fiscalização! Permitamos a não limitar!
Analisemos o nosso cotidiano. Você acorda e vai ao banheiro e já se preocupa
ao se sentar no sanitário e de tudo aquilo escoar diretamente até o rio contaminando-o. Ao lavar as mãos cai na consciência, talvez, a dor de estar desperdiçando. Chega! Vai até a padaria comprar o pãozinho francês e ao passar pelo caixa lá vem a sacolinha plástica. Aí você se lembra de não ser ela biodegradável. Senta-se à mesa para tomar o cafezinho e já se pergunta se aquele pó de café não teve contaminação por agrotóxicos, se é orgânico. Será que o trigo não teve árvores cortadas para a sua produção? Quanta cobrança! Após o almoço que tem diversos gêneros de procedência agressora ao meio-ambiente liga a TV ou o rádio e, além de se preocupar com o consumo de quilowatts e a água novamente, tem que ouvir alguém a falar sobre preservação ambiental. Muda de emissora e lá vem outro louco tratar o mesmo tema. Parece que ficaram doidos e só falam nisso. Credo! Não podemos nem relaxar. E volta tudo de novo a cada passo que damos. A cobrança está demais, né? Não agüentamos mais tanta consciência ambiental. Acende-se o fogão e tem também preocupações: buraco na camada de ozônio.
Você precisa de uma casa para morar e vai construir. Começa a confusão com a compra do terreno. O terreno tem 50 metros de fundos e você o compra todo, mas na hora de construir só tem direito a 35, pois 15 são do rio. Uai? Pra quê o rio precisa de área livre? Resolvo, então, fazer um aterro no lote e já surge a preocupação de respeitar os tais 15 metros, pois é área de preservação permanente e tenho que preocupar em não assoreá-lo. Durante a obra, embora contrate um caçamba para tirar o entulho, me preocupo com o destino dele. Outro problema é o esgoto, pois tenho que jogar dentro do rio.
O veículo, então, como gera preocupação! Abastecer com gasolina gera contaminação e o álcool tem também grandes áreas devastadas para ser produzido. Nossa, em quanta coisa temos que nos preocupar!
É verdade.
Mas, se assim fosse há muito tempo não teríamos que nos preocupar tanto, pois estaria já enraizado na nossa cultura o trato, o zelo, o cuidado com o meio-ambiente.
As leis existem por que em algum momento da nossa história percebeu-se que bom senso é muito pessoal e aquilo que o é para uns não o é para o vizinho. Nesta divergência surgiram as leis e com elas a fiscalização a garantir a sua execução. Neste aspecto vale salientar que as leis, as regras, os cuidados, o bem-querer são todos sinônimos e conduzem a respeitar algo ou alguém. Ressalta-se também que as primeiras - as leis - surgiram a partir de estudos de técnicos que conhecem um determinado tema e a partir disso propõe regras. Tomemos como exemplo a lei que define que em áreas de topo de morro é proibida qualquer intervenção humana. Logicamente existe uma explicação técnica que respalda tal cuidado. Caso contrário não existiria razão de ser confeccionada e aprovada! No caso dos topos é o de evitar deslocamento de terra a causar dano a tudo que estiver em baixo no mesmo morro pela falta de proteção da parte superior dele. Outra lei: Por que não construir à margem do rio respeitando 15 metros? Sem uma lei que puna, quantos e quantos na nossa região chegaram a fincar colunas das casas e prédios dentro do leito do rio? Que bom senso houve ali ou, de repente, aí em você?
Raciocinemos fora da área ambiental para não sermos enfadonhos: Por que existem regras de trânsito? O bom senso é diferente a cada indivíduo e se somente dele dependêssemos ao dirigir de quem seria a preferência em um cruzamento? A sinalização horizontal das rodovias só existe por que um técnico estudou que em um determinado trecho o veículo em um dos sentidos poderia ultrapassar e o outro não, pois caso os dois pudessem ultrapassar um veículo à frente, ocorreria choque entre ambos. E muitos acham que elas existem para perturbar quando objetivam a preservar a sua e a nossa vida sendo assim, também, as regras de conduta ambiental. Só existem para preservar a sua e a nossa vida. Digo nossa, pois caso um de nós agredirmos o ambiente todos sofrem por aquilo.
Lembremos da lei que proíbe o uso de cigarros em ambientes fechados. Ué, a fumaça tóxica contamina a todos indiscriminadamente, não é mesmo?
E você acha que está perturbado por tanta cobrança ambiental, tantas campanhas mundiais, tantas pessoas tentando te informar a agir com respeito ao meio-ambiente? Não seria você o louco a não ver que tem muita gente falando ao mesmo tempo sobre preservação da Terra e que isto é importante? Na verdade é vital! Já pensou que talvez você que agora lê esteja colaborando para o fim nosso? Pense bem, pois são pequenos atos, muitos pequenos atos, mas também grandes que destroem o planeta. Reflita e, se estiver, mude agora e mostre a todos com quem convive que altere também o modo de viver e se relacionar com o meio-ambiente! Todos precisam de todos.
Durante nossa vida cristã muito ouvimos de que o principal mandamento de Cristo é o amor ao próximo, não é? Creio que quando “mandou” Ele quis mostrar a todos nós que é necessário, é fundamental, é preciso que nos amemos. Longe do discurso, partamos a partir de agora à prática do amor ao próximo se você ainda não o faz. Vamos ouvir, mas também vamos escutar. É, vamos entender a mensagem de Jesus na vida diária nossa se você ainda não entendeu que Ele fala para nós. Chega de vermos o erro do outro e não o nosso. Cada um de nós pode fazer a diferença, a grande diferença para o meio-ambiente e, se o outro ainda não tem os cuidados devidos, mude o seu dia-a-dia respeitando-o. Mostre que é feliz pelos seus atos e, assim, talvez, o teu vizinho, a tua rua, o teu bairro, a tua cidade mude também. Isto é amor pelo outro e amar a si próprio. Ou você gostaria que alguém construísse no alto de um morro com a sua casa embaixo dele? Você aceitaria se o teu pai ou teu filho viesse a falecer por um acidente de trânsito onde o causador ultrapassou onde era proibido? Você acha que a população ribeirinha não sofre por um aterro que você fez, assoreou o rio e, assim, a enchente foi pior que a anterior? Se você não gostaria, o teu vizinho, a tua rua, o teu bairro e a tua cidade também não.

Comentários

Betto Blogs disse…
Poís bem eis que as opiniões aqui formalizadas, são estremamente conscientes e de valor positivo para nós,que precisamos no olhar por dentro para podermos mudar aqui fora.Mesmo com todo o avanço tecnologico ainda somos muito atrasados em determinadas questões, unclusive o que mais chama a atenção, que é o meio ambiente.Façamos a nossa parte e colocar as palavras do texto e transformá-la em ações.
Valeu, Roberto. Fico feliz com tuas reflexões. Abração e fique com Deus.

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