Doenças hereditárias: Violência e consumismo

Medo, miséria, descrença nas instituições, fome, desemprego, divórcio, infrações às regras e leis, corrupção nos governos e fora dele, crise financeira e, para muitos, a falta de esperança de vida melhor e tantos outros males que presenciamos no dia-a-dia. Quem, na atualidade, consegue viver com tranqüilidade e sossego diante da violência e do convite ao consumo que rodeiam nossos dias? Você, com certeza, quer proteger tua família disto, não é? Ou será que não pensou que a tua família seja altamente consumista do superflúo? Será que basta esta postura de colocá-los debaixo das asas? Percebo que esses males crescem e, pior, já são uma “doença hereditária”.

Não muito distante dos nossos dias existia a obediência aos pais, à escola e à polícia. Fácil se lembrar se você tem acima de 30 e 40 anos quando o pai apenas olhava e isto dizia de imediato a pretensão paternal.
Recordamos, ainda, da professora que, diante de uma atitude indesejável do aluno, o colocava de castigo sobre grãos de milho, ficava em pé com o rosto para a parede ou ficava sem merendar e, outros. Polícia? Morríamos de medo de sermos pegos fazendo algo errado. Na nossa inocência infantil acreditávamos que os agentes de segurança poderiam nos prender por qualquer que fosse a nossa “infração” como soltar papagaio na rua. Acreditávamos nas instituições. Elas nos protegiam e nós as temíamos e isto era segurança para nós. Obedecíamos aos pais, professores, polícia, promotor, juiz, diretor, orientador, supervisor e crescemos em paz, muita paz e seguros.

O mundo foi revirando e a palavra direito tomou conta de tudo. Hoje em dia qualquer um conhece seus direitos. Até mesmo as crianças. Elas sabem, por exemplo, que não podem trabalhar por força legal. O menor no Brasil só o é na idade, mas faz o mal como qualquer adulto. Às vezes um pouco pior por saberem que nada podem contra eles. O código penal é obsoleto e privilegia o mau caráter, o marginal. Reforça positivamente o criminoso. Os aspectos sociais do governo devem existir, mas daí a dar dinheiro às famílias se respaldando em diminuir a miséria é ridículo. Não seria certo além das bolsas que existem, melhorar-se o grau de acesso ao emprego, estimular surgimento de novas empresas, reduzir as taxas de juros e tantas outras políticas inteligentes? Nosso governo acerta muito, mas quer a qualquer preço vender uma imagem que não condiz com a verdade. Com as bolsas esconde a pobreza e com o estímulo à criação de novas faculdades até mesmo as não presenciais mostra ao mundo o grau elevado de graduados em todas as áreas, mas esconde que a arrasadora maioria destes não consegue emprego naquilo para o qual estudou.

O ensino fundamental não mais ensina somente, mas cria filhos. Os pais entregaram às escolas o fardo paterno em muitos casos. Diante da necessidade de trabalho de pai e mãe, os filhos sucumbiram à indiferença, pois a ordem é trabalhar para ganhar mais e mais para, assim, comprar mais e mais. O consumo desenfreado, o desejo descontrolado de ter matou muitas famílias e mata a cada dia. Lembremos da nova proposta da escola em tempo integral onde a criança “mora” na instituição de ensino e vai em casa para dormir apenas ou ter um “meio metro de prosa” com os pais. Dizem os donos de escolas que é uma proposta pedagógica, mas mesmo em sendo escondem o desejo de lucro maior das escolas. A professora que hoje é a “tia” cria muitos filhos de outros pais. Ela também trabalha muito e por vezes não sobra tempo para a sua própria cria. Muitas entraram na roda consumista. Assim, se cansam também e se frustram tanto na profissão quanto na vida pessoal e familiar. Estão a reaprender a ensinar num novo modelo de família , pois não pode mais falar de uma família normal dentro de sala, pois ela já quase não existe composta por pai, mãe, filhos e harmonia no lar. O normal parece ter sido abolido do contexto dito moderno. Muitas mães preferiram a “produção independente” ou se tornaram “independentes” depois de não tentarem salvar o matrimônio, ou melhor, desistiram dele por ser mais fácil viver sem o marido e pai.

O mundo piora diante da falta de esperanças de dias melhores para todos. Com a ordem consumista tudo pode se respaldado pelo ter. Diante deste quadro a frustração nossa tem aumentado por não conseguirmos adquirir aquilo que é mostrado pela mídia. Aumentam-se os casos de depressão. Nós sofremos e os pobres sociais também. Só que para muitos destes há a violência como trabalho e fonte inexaurível de conquistar tudo o que se quer. Ou você duvida que eles também querem consumir como você? De ter aquele carro, aquele mp4, aquele celular ou aquele tênis que você tem ou deu ao filhão? Aí você compra e eles o tiram, pois você ainda quer apresentar os seus bens à sociedade, caso contrário não valeu a pena a compra, não é? Temos que mostrar a aquisição, pois faz bem ao ego, né? É como as mulheres a cada dia com o corpo mais descoberto a se oferecerem como arma feminina de conquista a seduzir inclusive estupradores.

E tudo isto vai sendo repassado de geração em geração como que agregado ao DNA. Os pais de hoje tem, em muitos casos, já a história de desagregação e desvalorização familiar. Desconhecem a importância disto na formação de seus filhos por não terem tido estas experiências. Uma geração de pais perdidos que não sabem o que fazer com a prole. Os valores morais se não mudaram, acabaram. A presença de Cristo inexiste ou é colocada à prova com fundamentos científicos a todo tempo. Não querem crer nEle, pois Ele freia a vida, diminui o ritmo da festa em que vivem. Pais sem fé em Jesus e imaturos e que criam os filhos sem Ele. E assim a crise atual vai sendo conduzida pelas gerações.

Proteger a tua família é pouco. É insignificante. Creio que temos que pensar na vida dos nossos vizinhos que tentam criar corretamente os filhos, pois o fracasso lá pode matar um filho teu ou você e o “lá” pode ser perto ou longe. Importante é pararmos de olhar nosso umbigo apenas e ver o sofrimento de outrem. Temos que reconstruirmos as famílias ou apresenta-las aqueles que as desconhecem. Urge a revitalização familiar, o valor de cada componente nesta esfera afetiva. É fundamental consumirmos o necessário, o básico as nossas vidas a fechar os olhos ao desnecessário e informamos isto ao futuro, pois o futuro da família é o futuro social. É o futuro nosso.



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