Judas Iscariotes na atualidade


Judas é uma figura conhecidíssima mundialmente, porém pouco analisada pelo que fez. A traição feita por este homem ao Cristo o elevou a um grau de fama enorme. Claro que negativamente. Tornou-se conhecido por entregar Jesus aos soldados que O conduziram à morte de cruz após um julgamento corrupto realizado por políticos no poder e preocupados com a ascensão do Messias. Vendeu-se!

Judas Iscariotes acreditava em Cristo, porém não como Jesus pretendia colocar o Reino de Deus junto a nós. Judas alimentava a esperança de que um Messias com tanto poder poderia tomar o reino humano das mãos dos políticos e coloca-lo - o poder material - nas mãos do grupo de Cristo. Iludia-se de que Jesus era um radical a tomar o poder de outros como que partidos políticos a travarem lutas eleitorais como no mundo moderno. Porém, percebeu que as idéias de Jesus eram bem diferentes das dele e, como era de grande confiança e amado por Cristo, sabia o grande valor dele para os opositores de Jesus.

Pouca importância se dá ao traidor, como não poderia deixar de ser, afinal o culpamos pela morte daquele que amamos e que nos instrui até hoje nas condutas de nossas vidas diárias. Ou, pelo menos, deveria! Mas, veja bem:
Tudo o que está escrito nas Escrituras é por iluminação de Deus, inclusive a passagem de Judas. Deus quer que vejamos a história da traição e a analisemos no contexto de hoje. Senão, por que estaria narrado nos Santos Evangelhos? Caso Deus, o Pai, quisesse um final diferente a Cristo, teria permitido um fechamento distinto. Mas, aconteceu daquela forma e tinha de ser assim por vontade Divina. O fato da traição nos remete a análise e a não fazermos pouco caso disto. Não quero aqui coloca-lo como Santo em hipótese alguma, mas avaliarmos o que fez, seus atos e sua pobreza de espírito são importantes. No afã pelo dinheiro e poder, contribuiu, em muito, com a crucificação.

Deixemos de lado a cultura contra Judas e repensemos o quanto a sua história nos é familiar nos dias atuais. Acredito interessante a reflexão por narrar a igualdade dele a muitos que hoje vivem erradicados nas nossas relações ou mesmo interpessoalmente. Analisemos não o Judas homem, mas a história narrada. Eu, como leigo, porém católico fervoroso e crente na Santa Igreja e em Cristo, ouso a colocar aqui meu pensamento.

Comecemos pela instituição da Eucaristia como momento marcante e fundamental a nossa história até hoje e para sempre e as palavras ditas a Judas ali. Analisemos o fato da entrega de Cristo pelo beijo e o fim suicida de Judas.

Fico imaginando quantos que hoje por aqui vivem não teria o mesmo fim...

A traição a Jesus não é tão somente à pessoa de Jesus, mas também a sua ideologia, seus ensinamentos, seu projeto para um mundo melhor. Tudo, caso não ocorresse a ressurreição, teria morrido também e não só o homem divino, Cristo. Judas e os seus compradores não contavam que Ele viveria eternamente, não é verdade? Foram pegos de surpresa com a vitória de Cristo diante da morte.
Jesus ensina por meio de suas atitudes e palavras que devemos amar ao outro como a si próprio. Este é o grande mandamento. Fácil não é? Sempre que desejar fazer algo a alguém pergunte a si próprio se gostaria que fizesse o mesmo contigo! Simples assim. Trair o Cristo é trair seus ensinamentos. Quantas vezes deixamos de nos perguntar desta forma e fazemos ao outro o que não gostaríamos que nos fizessem?

A MESA EUCARÍSTICA: A ironia
Em determinados momentos a ironia diante do poder é salutar. Relembremos Jesus na instituição da Eucaristia quando disse ao pé do ouvido de Judas:  “ O que queres fazer, faze-o depressa.” Jo 13, 27. Um toque de ironia de Cristo ao seu traidor. Uma amostra de que Ele era o Filho de Deus a saber o que Judas iria fazer.
Diante do poder atual corrompido pelo dinheiro, fama e orgulho quantos de nós temos a coragem de encarar nossos traidores? Judas naquele momento representava o poder. Recebeu dinheiro e se tornaria um daqueles que mataram o Messias, caso não ocorresse o suicídio, o arrependimento.
Jesus ousou quando lhe revelou na mesa Eucarística saber qual era a função dele junto aos poderosos. Jesus mostrou, assim, que o poder de Deus é maior e venceu o pior mal, a morte, iniciada por Judas. Jesus nunca teve medo do poder político ou financeiro, mas apenas respeitava as instituições do homem. Lembra? “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” Respeito é diferente de sucumbir a ordens que faltam com o respeito.

O BEIJO: A intenção maliciosa travestida de carinho.
O beijo fatídico de Judas em Cristo revelou aos soldados quem era o Messias que causava tanto alvoroço social a importunar e preocupar os poderosos. Afinal, Jesus ensinava como viver feliz em comunidade e isto é muito diferente dos nossos conceitos hoje de felicidade e daquela época também.
Beijamos traiçoeiramente o Cristo e seus ensinamentos de como vivermos bem uns com os outros quando permitimos que o poder humano corrompido pelo mal atue e continue a atuar contra a comunidade em que vivemos. Quando sabemos ou, pelo menos, duvidamos das ações de alguém que esteja no poder e que não promove o bem estar social quando esta é a função dele ou dela. Quando contribuímos financeiramente acreditando estarmos fazendo o bem e nosso dinheiro de contribuição escraviza muitos, não promove nada, mas apenas alimenta o poder disfarçado de boas obras. E nós nem questionamos o destino final da nossa ação. Mas, nos justificamos dizendo que “eu faço minha parte, mas se ele está sendo usado corretamente não é função minha” quando, na verdade é, pois nossa doação financeira ou voluntária pode maltratar outro ser humano, destruir vidas, marginalizar.
O beijo é dado em Cristo quando votamos nas eleições em anticristos disfarçados de bons homens que a TV, rádio, jornais e revistas impressos indicam serem honrados e dignos homens a serem líderes políticos a conduzirem a comunidade à paz social. E muitos acreditam no que viram, ouviram e leram sem questionar só pelo fato de serem importantes na imprensa. Pobreza de espírito! Raciocínio simples também é de que a mídia depende do poder, quase sempre, para sobreviver. Pergunta-se, então, se esta mesma mídia que indica os homens maus mascarados de bons e envolvidos no poder de que ela depende, denunciariam este poder caso fosse necessário? E o pior é que muitos da imprensa também beijam o Cristo como Judas! Conhecem os ensinamentos Cristãos, mas sucumbem aos poderosos para continuarem vivendo. Se é que agir assim pode ser sinônimo de vida!

O SUICÍDIO: O arrependimento tarde demais.
Após entregar Cristo, Judas suicidou. Morte cruel e trágica. O arrependimento de Judas nos põe contra a parede. Imagine se cada homem ou mulher que hoje vive beijando traiçoeiramente Jesus a não seguir os ensinamentos divinos e a permitir que outros não o sigam colaborando com eles, resolvessem morrer num mesmo período. Não existiria cemitério para tanta gente! O arrependimento em muitos que hoje agem como Judas já existe por saberem o que estão a fazer longe dos princípios de Cristo, porém é difícil voltar atrás, pois tal como o traidor nos Evangelhos, passaram a depender do poder não só para si, mas para a família e as suas vidas. Não conseguiriam viver socialmente e financeiramente sem continuar a beijar Cristo.


Talvez tudo isto já seja a própria morte mesmo estando vivo, não é?

Comentários

adriano dias disse…
Parabens seus temas são muito importantes para cada um de nós.
Adriano, grande comunicador da Rádio Fonte de Vida, sempre é um grande prazer em tê-lo por aqui.
Agradeço os teus comentários e a locução de um dos temas daqui deste blog no ar via Fm 106,5.
Um grande e fraternal abraço.
Fique com Deus, amigão.

Postagens mais visitadas deste blog

História na Faculdade de Odontologia - UFJF

Encíclica "Dei Verbum"

Para onde vamos?