Doutrina Social da Igreja


Em que contexto nasceu a Doutrina Social da Igreja - DSI?


Surgiu com a encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII em maio de 1891. Não que os problemas sociais no mundo não estivessem presentes anteriormente. Em outros documentos já se mencionava a situação dos pobres desde os primeiros séculos do cristianismo e da tradição católica. Soberania política, liberdade humana e constituição cristã dos Estados já haviam sido abordadas.

Nesta encíclica papal ocorre uma mudança de contexto da Igreja. Os assuntos internos dela ficam em segundo plano e a exteriorização do enfoque social apresenta-se preferencialmente.

Ocorria nesse período a Revolução Industrial - 1789 - e uma sociedade transformada pelos avanços científicos-tecnológicos. A capacidade de produção multiplicada pelas máquinas é, sem dúvida, um efeito positivo do que estava a ocorrer, mas junto dela uma crescente desigualdade social. As distorções foram ampliadas. O lucro passou a ser a mola mestra com o advento do capital e daí patrões e operários intensificaram as lutas. Alguns detinham o capital, outros os meios de produção e, a grande maioria, apenas a força do trabalho.


As condições de trabalho e vida dos operários eram desumanas e precárias. O êxodo rural foi intensificado e as migrações intercontinentais passaram a ocorrer. As fábricas, incapazes de absorver toda a mão-de-obra, colocavam as regras de trabalho devido ao excesso de trabalhadores. Lei da oferta e procura.


Nesse contexto caótico surge, então de forma mais gritante, a DSI.


Surgiram também os "Santos sociais" como São João Bosco, Madre Cabrini, Bem aventurado João Batista Scalabrini, Adolf Kolping, o bispo von Ketteler e Frederico Ozanan dentre outros. No Brasil Pe. José Antônio Maria Ibiapina - Nordeste - e Pe. Leopoldo Brentano no Rio Grande do Sul.

Adolf Kolping na Alemanha entendeu que não bastava para melhorar as condições de vida dos operários ensinar os princípios da fé, mas sim oferecer aperfeiçoamento técnico e profissional, lazer e cultura.

Frederico Ozanam dizia: -"Há exploração quando o patrão considera o operário não como um associado, um colaborador, mas como um instrumento do qual é preciso extrair o maior serviço possível pelo menor preço. Mas a exploração do homem é a escravidão."


Assim, a Rerum Novarum aconselhava já a "fugir dos homens perversos". Nesta frase já se percebia a preocupação da Igreja com o avanço do Socialismo que ganhava terreno naquele momento. A "onda vermelha" havia sido lançada em 1848 com o Manifesto Comunista.


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